Liderança e Reconhecimento em Tempos de Pandemia
A 18ª edição da Pesquisa Valor Carreira, iniciativa do jornal Valor e realizada pela Consultoria Mercer, elegeu as 35 melhores empresas na gestão de pessoas em 2020. Ao todo foram pesquisadas 115 empresas divididas em categorias por número de funcionários e a escolha das eleitas levou em conta o índice de engajamento dos funcionários e o índice de prosperidade, que mostra o quanto a empresa oferece condições para que o indivíduo e o negócio prosperem.
A realidade dos negócios foi fortemente impactada pelo cenário de pandemia e as empresas que se destacaram nesta pesquisa fizeram da transformação digital, acelerada pelo contexto de crise, uma oportunidade para o desenvolvimento de competências como inteligência emocional, organização, resiliência, abertura para o aprendizado e agilidade mental.
Importante ressaltar a abrangência do estudo em relação ao perfil das empresas pesquisadas que mostra que investir em valorização das pessoas não é assunto apenas para grandes corporações. A empresa São Bernardo Saúde ficou em primeiro lugar na categoria de 100 a 500 funcionários. Na categoria de 501 a 1.000 funcionários a vencedora foi a Kles Serviços Especializados.
Abaixo, podemos ver as demais vencedoras em suas categorias:
Categoria de 1.001 a 1.500 funcionários
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Momenta
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Categoria de 1.501 a 3.000 funcionários
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Liberty Seguros
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Categoria de 3.001 a 7.000 funcionários
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Security
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Categoria de 7.001 a 17.000 funcionários
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Usina São Martinho
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Categoria acima de 17.000 funcionários
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Lojas Riachuelo
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Claro que as mudanças provocadas pela transformação digital trariam também angústias. Segundo Tatiana Iwai, professora de liderança e comportamento organizacional do Insper, “o trabalho remoto elimina as interações presenciais ao acaso que ajudam a estabelecer as relações entre as pessoas.” E esse é o tipo de “ajuste” que as empresas vêm tentando trabalhar — ou seja, o modelo de trabalho híbrido que desenham para 2021.
Na mesma matéria, Betania Tanure, da BTA, diz que a pandemia também deixou em evidência que o papel da liderança não é dar respostas, muito menos dizer que sabe “tudo” porque isso afeta a relação de confiança das pessoas na organização — na gestão remota ou presencial. “Dividir as angústias é importante para construir a relação. É quando você traz as pessoas para o jogo, mais próximas e cria um clima de maior engajamento."
As lideranças nas empresas tiveram que passar a se preocupar em encontrar maneiras de minimizar as questões subjetivas das relações humanas, que são fortalecidas nos encontros presenciais, e enfraquecidas no trabalho remoto. O desafio para o ano de 2021 será consolidar um novo modelo de trabalho onde o engajamento não se perca na cultura remota, passando pela requalificação com novas competências de sua força de trabalho, pela construção de um ambiente inclusivo até o posicionamento mais próximo à estratégia do negócio.
Isto significa que as empresas terão que criar um plano de desenvolvimento pessoal, que inicie na contratação de estagiários, com o objetivo de identificar e estabelecer pontos fortes, oportunidades de melhorias, preferências de desenvolvimento, metas, acompanhamento do progresso e reconhecimento.
Na visão de Betania Tanure, é o momento da Gestão de Pessoas focar sua atuação em três eixos:
- o soft [lado emocional],
- o hard [lado técnico] e
- o social [bem-comum das organizações frente a sociedade]”.
“Mais do que sanitária e econômica, estamos vivendo uma crise antropológica. As pessoas mudaram seu jeito de trabalhar, de viver, de consumir. Portanto as empresas que não perceberam que isso influencia, que não estejam dispostas a mudar indicadores, gestão de desempenho, metas, remunerações, não vão conseguir ter sucesso.”
Este texto contém citações de matéria publicada pelo Jornal Valor Econômico em 30.11.2020